sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os últimos truques dos instantes finais da oligarquia Sarney
 
 O velho senador caxiense, Alexandre Costa, político experimentado e com muito faro das vetustas raposas, místico da junção das duas figuraras proeminentes da política do Maranhão nos anos 50 e 60 (Vitorino Freire e José Sarney), costumava afirmar em rodas de conversas com amigos e correligionários que ‘o Sarney só perderia o comando do domínio da política do Maranhão quando morrer’. 
 
Os tempos passaram, e o Senador Sarney, efetivamente, a partir de 1965, quando se elegeu governador do estado, comandou todos os detalhes da política local, ainda que enfrentando alguns hiatos, tipo a escolha de Nunes Freire para governador, feita ao sabor dos militares, contrariando-o; e a eleição de Jackson Lago para o governo em 2006. No primeiro dos detalhes, desenvolveu uma insana perseguição ao Nunes Freire, deixando-o definhado na condução dos destinos do Maranhão. Com Jackson Lago, não pestanejou, definiu pela sua cassação, inclusive, escolhendo o mês (abril de 2009), como nos afirmou um deputado federal do grupo, lá em Brasília, muito embora o desfecho tenha ocorrido um pouco antes.
 
Então, a trajetória de mandonismo político do Sarney vem desde a sua suplência de deputado federal nos idos tempos da década de 50, até agora, quando ele, ainda “bem vivinho e velhaco”, haverá de sofrer sua derrota política mais retumbante, e em vida, contrariando o vaticínio do falecido senador Alexandre Costa.
 
Essa  longa vida política do soba maranhense, seus amigos e adversários são sabedores, é toda ela pontilhada pela esperteza, e muito pouco de argúcia republicana. Sempre foi aquele político que, como nos disse o mesmo deputado federal do grupo Sarney, com o qual trabalhamos por um pequeno tempo na Câmara dos Deputados, faz o “serviço do mal” no tempo, no lugar, na ocasião, com os meios e com a pessoa certa.
 
O senador Sarney é o mestre dos truques na política. Ninguém conseguiu superá-lo nesse mister. De governador do estado a presidente da República, o estratagema foi se aperfeiçoando a cada momento em que sua sobrevivência esteve em jogo.
 
E agora, nesta eleição, que já se apresenta como sendo vitorioso o candidato a governador Flávio Dino – PC do B, o régulo da última e cruel oligarquia brasileira já montou sua oca no mirante dos assombrados umbrais do Calhau, e de lá comanda toda uma bem pensada e meticulosamente dosada série de truques dos instantes finais dos últimos momentos do agonizante ancien regime que ele estabeleceu aqui há 50 anos.
 
Alguns dos truques já foram bem percebidos. Ele, Sarney, aniquilou com o Luís Fernando, então candidato da sua filhinha dondoca, a desprestigiada, porém, muito rica, governadora Roseana, pois, a desenvoltura do professor e ex-prefeito de São José de Ribamar foi capaz de revoltar o velho coronel, que o tirou sem mínimas cortesias de correligionário.
 
Nessa senda de escolha do candidato do grupo ao governo do estado, algo que a quase senectude do velho líder do patrimonialismo maranhense não esperava, surge a figura do presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo, que sabendo da estatura do seu cargo e, portanto, o sucessor natural da governadora, caso ela resolvesse sair para a disputa de um mandato ao senado, endureceu o jogo, e contou com um amplo apoio dos seus pares. E, assim, as manobras para colocar um governador-tampão, estranho ao  ninho dos parlamentares, não vingaram.
 
O tempo correndo, e o velho e carcomido senador não consegue uma boa alternativa de candidatura ao governo, de preferência que não tivesse muita identidade com a família Sarney. Não houve outro caminho. Foram encontrar no suplente de senador, Edson Lobão Filho, a saída honrosa de sobrevivência da longeva oligarquia.
 
Com mais esse truque, faltava algo de complementação. O deputado Arnaldo Melo, que ousou contrariar os interesses do senador amapaense, seria o vice do Edinho, apenas para morrer enforcado, pois, perderia o mandato, com uma reeleição praticamente certa, inclusive, para voltar à presidência do legislativo, fato que se constata cristalinamente com o caminhar dos dias até a eleição de 05 de outubro vindouro. 
 
Sabendo-se que esse truque é o do espécime androfagia, o criador comendo as criaturas: colocou Edinho Lobão, que morrerá no pleito; que matará também Arnaldo Melo, sobrando, apenas, o Lobão que, mesmo retornando ao senado, estará morto politicamente. Tudo isso na seara interna do canibalismo sarneysta.
 
 Ao público externo, o magnata do extinto Banco Santos tem seus truques bem refinados para impactar o subconsciente dos maranhenses e, com isso, tentar reverter ao máximo os elevados percentuais de votos favoráveis ao Dr. Flávio Dino.
 
Nessa última semana, o velho coronel fará, como sempre fez, umas cinco reuniões regionais com os prefeitos que apoiam o seu grupo, onde dará as ordens, em alguns casos, e, em outros, será uma espécie de mendigo eleitoral: vai implorar para que velhos aliados, correligionários e os prefeitos recalcitrantes não o abandonem neste momento muito difícil para ele. Nisso ele é um craque. Chora como um bezerro desmamado. Acreditem.
 
Os dois mais recentes truques: o vídeo do chileno assaltante e o da vistoria da Polícia Federal no avião do Edinho Lobão (ou acham que não foi truque dele?), foram apenas os dois grandes ensaios para o picadeiro final. Podem anotar, salvo se esta simplória missiva, deste desconhecido e fraco analista político e Advogado, tiver a sinergia de ajudar a impedir o “grande lance emocional” dos instantes finais dos últimos momentos da oligarquia Sarney.
 
Como ele mesmo se declara hipocondríaco, haveremos de assistir pela televisão dele, pela cadeia de rádio de que é dono, e por todos os canais de notícias, redes sociais etc a ‘terrível notícia’: Acaba de ser internado, às pressas, o senador José Sarney. Ele passou muito mal  e foi levado, em estado grave, para o hospital...!!!
 
É um fato absolutamente possível (lembremos das eleições de sua filha).Imaginemos esse truque, que certamente já se encontra todo montado, sendo repercutido todos os dias, até momento da eleição, com altos picos de sensacionalismo, tais como: o ex-presidente José Sarney deverá seguir para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, pois, o seu ‘estado (igual ao Maranhão) é muito grave’.
 
No Maranhão até o céu mente como predisse o Padre dos Sermões. Vislumbremos o estado de desespero dessa gente, acostumada aos privilégios e a corromper o erário, vendo o mundo  escapar-lhe aos pés no dia 05 de outubro, do que não é capaz só Deus sabe.

Por Petrônio Alves

Um comentário:

Anônimo disse...

Texto de veemência apocalíptica....
Parabéns :)

Maurício P. Macedo

Enquanto houver Democracia, o Judiciário é a esperança

                                                                                                                                            ...