quarta-feira, 8 de julho de 2015

A violência nossa de cada dia


A maioria das pessoas, em qualquer lugar do país, não deixa de demonstrar o quão preocupante é o terrível e avassalador fenômeno da violência na vida de todas elas. O primeiro estalo de preocupação se dá logo ao amanhecer. Pergunta-se o sujeito se terá a felicidade de voltar para sua casa ao final de mais um dia de trabalho. Se terá a alegria de reencontrar os seus familiares são e salvos para mais uma refeição antes do merecido repouso, e se no decorrer deste não será importunado por aqueles que, não tendo alcançado o 'sucesso' em sua arte de sobrevivência durante o dia, resolveram esticar o plantão da maldade, tirando o sossego de quem trabalha honestamente, quando não lhes tiram a vida.
 
Explicar a violência, da forma como ela se apresenta às suas vítimas, através dos seus agentes diretos, começa a ser uma atividade fácil. A sociedade não se interessa pela história de vida daqueles indivíduos. O interesse maior é saber se esse estado de pavor e de terror vai permanecer para sempre, portanto, se é uma etapa de evolução da sociedade que haverá de perdurar anos a fios, sem qualquer solução satisfatória aos destinatários do direito à segurança. As pessoas não podem aceitar com tranquilidade que os ladrões estejam assaltando e matando para satisfazerem suas orgias de todo tipo, com a infâmia última de tirarem a vida de indefesos pais, mães, idosos e jovens que apenas estão começando a sonhar com a vida que poderiam gozar.
 
Ante toda essa agonia, pouco ou quase nada se verifica de políticas públicas da iniciativa do governo federal, com vistas ao enfrentamento desse desafio imposto pelo crime organizado e pela bandidagem desesperada pelo consumismo eletrizante que tomou conta de todas as faixas sociais. A falta de políticas de segurança pública, por via de uma conectada orientação a partir do núcleo central do poder estatal, compromete o conjunto da federação, pois, os esforços que realizam os governos das subunidades federadas resultam de pouca satisfação para suas comunidades, a considerar toda a fragilidade das estruturas existentes: pouco policiamento, condições de trabalho precárias ao extremo, questões remuneratórias e de carreiras sempre indefinidas, e o despreparo intelectual que sempre marcou as polícias do Brasil, salvante as experiências de formação profissional que ainda existem nas Forças Armadas e na Polícia Federal.
 
Será cada vez mais difícil esperar que s solução desse gravíssimo problema social seja equacionado de maneira equilibrada, sem criar-se um amplo ambiente de exame da questão, com o envolvimento direto da sociedade através de todas as organizações representativas, tornando as instituições governamentais as incubadoras dessas experiências e práticas oriundas das comunidades, uma espécie de enfrentamento participativo, onde se espera a superação da tragédia da 'justiça com as próprias mãos', que se tornou a nossa violência de cada dia, com as pessoas do povo sujando suas mãos com o sangue daqueles que trilham pelo caminho da criminalidade.
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Petrônio Alves

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