terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O Poder de plantão tenta dominar os fatos e calar a cidadania

O sentimento que domina a maioria da sociedade brasileira é o da descrença e revolta com a categoria dos políticos [as]. Os motivos são quase todos conhecidos, porque é muito certo que os escombros poderão, no futuro, mostrar coisas escabrosas que, admitamos, fugiram ao esforço de compreensão da cidadania no momento em que direcionamos a busca pela explicação de alguns fatos muito palpitantes no mundo do tempo real.

Neste cenário que vivemos, de ensaios e de muito esconderijo em que tentam isolar o conjunto dos fatos, portanto, manipular a verdade, muita coisa vai escapando do controle e do interesse da população. Os agentes do poder de plantão são os profissionais da política vetusta em uso e desuso no Brasil. Dominam as regras do jogo e, assim, arbitram os acontecimentos, mesmo aqueles distanciados do imaginário do indivíduo com uma cultura mediana, pois, os resultados materializados dos acontecimentos políticos, econômicos e sociais são a matéria prima de que precisam os plantonistas para distribuírem entre si os "nacos do poder".

O poder central estabelece  uma lógica estribada no domínio e controle dos fatos sociais que possam representar grande repercussão política, no máximo grau  que puder. Nesse exercício, diversos são os instrumentos do Estado que entram em campo para gerir o jogo dos objetivos e dos interesses dos ocupantes do poder, com relevante destaque à força-tarefa de comunicação da massa, desenvolvida a partir de uma análise detalhada de como nasceu o acontecimento para o ato seguinte de como a sociedade vai receber a informação.

O acidente aéreo que matou cinco pessoas, dentre estas o Ministro Teori Zavascki, nas cercanias da cidade balneária de Paraty no Estado do Rio de Janeiro, é um desses fatos singulares em que os agentes do poder tentam empreender um controle esmerado, a começar pelo segredo que a Justiça Federal do local chancelou o acontecimento, como forma de evitar o acesso da cidadania aos atos que montarão o inquérito e o futuro processo judicial.

Noutra instância, as forças do Estado, sabendo da gravidade dos fatos, tudo fazem para que haja uma "compreensão retilínea" do acontecimento, contando, claro, com o nível muito pequeno de cultura da maioria da cidadania, que certamente não fará uma leitura bem crítica do sinistro, o que facilita acomodar as tensões, bem ao sabor dos poderosos.

Não se queira falar da fantasmagórica "teoria da conspiração", como sendo o fio condutor de uma desconfiança generalizada de que houve sabotagem ou atentado contra a aeronave e, com isso, atingir o fim alcançado que seria a morte do Ministro Teori Zavascki, porque ele haveria de homologar o monstro da delação dos figurões da Construtora Odebrecht, que traz na sua barriga os fetos da podre política que ora domina o país, o que seria o "caos neste grave momento de crise", conforme os chavões dos plantonistas.

A exigência da cidadania é o esclarecimento completo do sinistro, porque simplórias explicações já sabemos que são estratagemas do maquinário do Estado a serviço da garantia e da manutenção desse modelo de poder  que se sustenta dos ratos paridos e alimentados pela Montanha Odebrecht.

Duvidar, suspeitar, não acreditar também são direitos da cidadania, mesmo num simulacro de estado democrático de direito, como esta trágica experiência que estamos envolvidos neste território anêmico de moral e ética na política.

Petrônio Alves
Advogado - OAB-MA 5346
Jornalista   -  1639/MA
 

Enquanto houver Democracia, o Judiciário é a esperança

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